Em
dezembro de 2000, o americano Delmar Michael Vreeland foi preso em
Toronto, Canadá, por falsificar cartões de crédito. As autoridades
canadenses contataram os americanos, que pediram a extradição imediata
de Vreeland, acusado de crime semelhante nos Estados Unidos. Enquanto a
Justiça dos dois países resolvia o que fazer, o tempo foi passando. Em
outubro de 2001, quando a extradição parecia inevitável, Vreeland
apareceu com uma história das mais interessantes.
Ele
afirma que é um agente secreto da ONI (Office of Naval Intelligence),
agência de espionagem da Marinha americana. Antes de ser preso no
Canadá, ele estava numa missão secreta na Rússia. Em Moscou, Vreeland e
um agente da Inteligência Canadense, Marc Bastien, teriam tido acesso a
um dossiê secreto (elaborado pela CIA, roubado pela KGB e novamente
surrupiado pela dupla) que descrevia um plano envolvendo o governo
americano e os atentados da Al-Qaeda que aconteceriam um ano mais tarde,
em 11 DE SETEMBRO DE 2001.
Esses
documentos listavam vários alvos dos terroristas: a Sears Tower, em
Chicago; o Pentágono, em Washington; o World Trade Center, em Nova York;
o Royal Bank de Toronto. Também dizia que a CIA impediria a maioria dos
atentados, mas permitiria que pelo menos um deles acontecesse, para
justificar o posterior ataque ao Afeganistão. Como numa boa trama de
John Le Carré, Vreeland percebeu que estava frito. Se ficasse na Rússia
seria pego pela KGB, se voltasse para os EUA seria assassinado pelos
conspiradores. Ele então voou para o Canadá e acabou em cana.
Tudo
pode ser apenas lorota de um estelionatário bom de conversa, é claro. O
próprio meio-irmão de Vreeland, Terry Weems, que vive na Flórida,
afirma que ele sempre foi mitômano e obcecado por teorias
conspiratórias. Mas alguns fatos parecem indicar que Vreeland talvez não
seja apenas um pilantra imaginativo. O agente canadense Marc Bastien,
que teria ficado em Moscou depois da partida do americano, voltou pra
casa morto em dezembro de 2000. As autoridades russas afirmaram que ele
havia morrido de causas naturais. Mas uma autópsia feita no Canadá
revelou grande quantidade da droga clopazine, usada em pacientes
esquizofrênicos, que pode causar a morte.
A revista inglesa Jack, de outubro de 2002, forneceu outras evidências que comprovariam a história de Vreeland:
1.
Ele afirma que entrou na ONI porque seu avô e seu pai trabalharam na
organização. É verdade: a agência foi fundada por Charles Vreeland, avô
dele, que mereceu a honra de ter um destroyer batizado em sua homenagem,
o USS Vreeland.
2.
Ele também relata que passou um bilhete para o guarda da prisão
canadense em agosto de 2001. Na nota, ele listava os alvos e a data dos
ataques terroristas que aconteceriam no mês seguinte. O carcereiro
confirma que recebeu o bilhete, mas não o leu. O papel está atualmente
com o advogado de Vreeland.
3.
Ele diz ainda que tem uma sala e um telefone no Pentágono, que
confirmariam seu status de agente da ONI. A revista inglesa checou:
existe mesmo um Delmart Michael Vreeland no Pentágono.
4.
E, finalmente, ele explica que as diversas fraudes de que é acusado nos
EUA são fruto do seu trabalho como agente secreto. Antes da missão na
Rússia, ele teria se infiltrado num cartel de drogas em Los Angeles e
precisou falsificar documentos, cartões de crédito, etc. O pedido de
extradição é uma armadilha para matá-lo. O governo americano, por sua
vez, admite que Vreeland trabalhou mesmo na ONI, mas só até 1986. Daí
pra frente, é tudo mentira.
Resta,
porém, uma questão: onde estão os tais documentos encontrados na
Rússia, que comprovariam ou desmontariam a história de Vreeland? Ele
afirma que estão guardados num local seguro, pois são a única garantia
de que não será assassinado. Enquanto isso, o suposto agente secreto
cumpre prisão semi-aberta no Canadá. O que não é nada mal, caso ele seja
apenas um estelionatário.
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